Meu amigo ou meu inimigo?

Este boletim tem como intuito te ajudar a ver o mundo de forma mais clara, sabendo separar o que importa do que não importa, porém em um nível muito mais profundo.

(Adriano Sugimoto)


Essa foi minha primeira semana de aulas presenciais na faculdade depois de 10 anos da minha primeira graduação, e em especial, primeira aula após o início da pandemia. Nos primeiros momentos do contato de um grupo que ainda não se conhece, podemos observar pontos muito interessantes com grande valia para refletirmos sobre como lidamos com nossos relacionamentos. Neste boletim quero explorar um pouco com se dá o primeiro contato com alguém e como esse contato se transforma depois de algum tempo.

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Personalidade

Em um grupo, é muito fácil perceber como existem diferentes personalidades e cada um tem sua forma de lidar com cada situação. Alguns irão ser conhecidos por fazer piadas, outros por falarem muito, outros por serem quietos, alguns serão vergonhosos, alguns serão ansiosos, outros muito calmos. Ao sermos introduzidos em um grupo nunca antes visto, somos forçados a demonstrar nossa personalidade, seja ela qual for, e isso pode ser muito intimidador em um primeiro instante, pois ainda não temos nenhuma capacidade de prever como seremos recebidos.

Essa demonstração foçada de personalidade muitas vezes nos faz perder a conexão com nossa própria personalidade, dando lugar a busca de uma personalidade “desejada”. Mesmo quando esse desejo fica limitado somente a um processo dentro da mente, isso gera uma tensão clara de ser vista. Por eu ser um pouco mais velho e refletir bastante na vida, consigo tirar o foco de mim mesmo e observar mais os outros, e o que vejo ao redor são pessoas tensas e preocupadas com o que “deveriam” estar fazendo ou como “deveriam se aparentar”.

Opinião

Já se sentiu em um ambiente onde você sabia que todos ao seu redor estavam te julgando? Sua aparência, roupas, jeito de falar, cheiro e tudo mais eram escaneados constantemente por todos? Esse sentimento vem do nosso próprio julgamento dos outros, que desperta essa desconfiança, mesmo que juremos que não somos pessoas que julgam (que somos anjos incompreendidos na Terra! Sei...).

Essa categorização que fazemos, seja ela consciente ou não, nos faz buscar a aproximação ou distanciamento de certas pessoas em um grupo. Formando agrupamentos menores que são perfeitamente aceitáveis, se não fosse pela tendência de valorizar mais o próprio grupo e desmerecer o outro (lembre-se: estou me referindo aqui também a pensamentos bastante sutis). Da mesma forma que nosso próprio filho parece merecer mais que os outros, nosso subgrupo começa a ser mais importante de alguma forma. [Atenção: aqui o conflito começa!] Quando atribuímos o valor das pessoas de acordo com pertencer ou não a determinado grupo. Assim, acabamos tendendo a amenizar a culpa de um amigo e aumentar o fardo do inimigo.

Se você começou em um emprego a pouco tempo, estudos, ou qualquer tipo de atividade que requer o contato com pessoas antes desconhecidas, sabe que esses grupos são sempre formados. O que eu gostaria que você começasse a aprender é que todos os grupos merecem o mesmo respeito e oportunidades de o seu.

Necessidades do ego

Nossa adaptação de personalidade e aderência a um grupo buscam satisfazer necessidades que todo ser humano tem. Duas principais são: valorização e conexão. Ninguém quer ser o último a ser escolhido no time de futebol, mas todos querem ser o primeiro; por que isso acontece? O sentimento de rejeição causa uma dor enorme ao ser humano e desde pequeno aprendemos inúmeras formas de evitarmos a sensação de sermos rejeitados. Alguns desses métodos são: desmerecer o outro, ser agressivo, isolamento, dependência emocional, até depressão está relacionada com a busca de satisfazer certas necessidades inconscientes.

O fato é que o esforço contínuo para obter aprovação e valorização externa tem o custo de sufocar a si mesmo. E como o ser humano tem um sentido natural para perceber quem está forçando algo ou está tenso, cria-se um paradoxo: quanto mais se quer ser aceito, menos se é. Tanto pelo fato de existir menos aceitação de quem não parece ser “autêntico”, mas também porque quem busca aprovação precisa de mais indícios que seu esforço está dando resultados. Pense, se todos estão buscando sinais de aprovação de si mesmos e poucos estão oferecendo esses sinais; obviamente a conta não fecha e alguns ficarão sem.

Quero que você perceba que essa busca de aceitação sempre vai existir, porém, se você for capaz de percebê-la, poderá mantê-la em níveis mais saudáveis e que não reprimam quem você é de verdade.

Caminho escolhido

Nós escolhemos como queremos ver as pessoas e a nós mesmos. E é justamente esse olhar que determina a qualidade, intensidade e resultados que teremos em cada relação. Quem olha ao redor e vê um ambiente hostil, irá provavelmente viver constantemente em um modo de sobrevivência, onde o imperativo é ataque e defesa. Porém se deixarmos de lado a classificação de amigos ou inimigos, podemos abrir espaço para nos conectar mais profundamente com as pessoas.

É mais fácil manter-se aberto em grupos novos, onde ainda não se criou uma opinião fixa de cada pessoa. Porém, mesmo em um grupo que já se relaciona há muito tempo é possível mudar pequenas atitudes mentais para favorecer a conexão. Buscar a redução de julgamentos, rótulos e expectativas negativas são um excelente começo.

Mesmo diante de tantos problemas de relacionamento, a interação entre pessoas continua sendo fundamental para nossa evolução e para que possamos expressar nossa capacidade de forma plena. Se você deseja ter uma vida mental mais leve e harmônica, aprenda a ver a beleza e a oportunidade nestes momentos.


Minha nota:

Muito obrigado a todos quer embarcaram comigo no novo curso de Comunicação Não-Violenta na semana passada. Agradeço profundamente.


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Muito obrigado.

Um forte abraço.

E tchau!

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