Sai da zona de conforto por 1 hora

Este boletim tem como intuito te ajudar a ver o mundo de forma mais clara, sabendo separar o que importa do que não importa, porém em um nível muito mais profundo.

(Adriano Sugimoto)


Ontem foi um dia muito interessante para mim. Uma situação simples e rotineira, onde invés de voltar para trás, eu segui em frente, contrariando o que normalmente eu faria. Entre altos e baixos, em pouco mais de uma hora eu pude experienciar diversas fases de alegria e dor.

Por volta de 4 da tarde me preparei para exercitar um pouco e sai de casa para correr. Logo ao sair do portão, começou a chover. Bem, quando olho pela janela e vejo chuva, normalmente nem penso em sair para correr. Mas como já estava no portão, acreditei que a chuva fosse acabar logo e fui mesmo assim. Contrariando minha expectativa, logo a frente a intensidade aumentou e eu já quase não conseguia enxergar por causa da água que escorria pelo meu rosto.

Pouco mais a frente, em menos de 10 minutos, a chuva se juntou ao granizo e eu comecei a receber pancadas na cabeça de pequenas pedras de gelo. Passando por baixo de um viaduto, paro um pouco para proteger meu equipamento eletrônico – estava estudando um áudio book – penso até em voltar para casa, mas sigo em frente. Com os pés encharcados, no meio da corrida sinto bolhas se formando na sola de ambos os pés. A dor incomoda e começo a pisar com a lateral do pé para que doa menos.

Mais à frente a chuva passa e o sol começa a aparecer. Sentindo o sol bater no rosto, esqueço das bolhas no pé e sigo correndo. Ao final, 11 km depois, nem lembrava que tinha até passado por chuva de granizo. Chego em casa, coloco as roupas para secar, tomo um banho e.... estou novinho em folha. =D

Com esse pequeno relato de algo que pode acontecer a qualquer momento – você nunca tomou chuva na vida? – quero chamar atenção para a busca do conforto, ou melhor, o medo do desconforto. E para isso separei alguns pontos:

Esse desconforto vai passar:

Sei que você já tomou chuva contra sua vontade, e que você já teve uma dor de cabeça, ficou doente, ansioso para encontrar alguém, desconfortável em uma situação social, sentiu frio, sentiu fome, e muitas outras coisas. Não é verdade? E aposto que na maioria das situações você fez duas coisas: 1 – Buscou acabar com a situação de desconforto o mais rápido possível e 2 – Sentiu que aquele momento duraria para sempre. Quando sentimos desconforto, raramente percebemos que é só por um momento. Sentimos frio somente até chegarmos a um local aquecido, sentimos fome somente até ter a oportunidade de comer. Mas normalmente parece uma eternidade, quando na verdade são apenas alguns minutos de desconforto. Saber que tudo é transitório e vai passar, nos faz lidar melhor com todas as dificuldades da vida.

Não fuja do desconforto a qualquer custo:

Todo exercício físico trás inicialmente uma dor antes de nos sentirmos bem por fazê-lo. Só é possível conseguir um emprego passando por uma entrevista que pode gerar muito desconforto e ansiedade. Aqui no Reino Unido, uma coisa que estou aprendendo é não ter vergonha de falar errado. Uma pronúncia errada ou ficar sem palavras para me expressar é o preço de tentar e aprender. Fugir do erro também é fugir da aprendizagem. Durante a vida fugimos de várias pequenas e grandes atividades simplesmente para não passar por algum tipo de dor. E o que acontece quando fugimos o tempo todo? A dor cada vez fica mais intensa, pois não prendemos lidar com ela, não desenvolvemos resistência a dor. Aliás, talvez nem tenhamos a oportunidade de descobrir que aquilo poderia na verdade trazer muito prazer e nem ser visto como dor, assim como um exercício físico.

Não antecipe o desconforto:

Com quantos casacos você sai de casa num dia frio? Quanto tempo você demora para decidir? Já levou muitas blusas e nem precisou? Ficou carregando o dia inteiro? Pensou muito nos prós e contras de levar mais ou de levar menos? Essa situação simples demonstra como somos feitos para antecipar os pseudoproblemas da vida. Passar frio é um problema, assim como carregar blusas sem uso também é um problema. Porém o que realmente drena nossa energia não é o fato em sim, mas a projeção que fazemos daquilo muito antes de que algo possa acontecer de fato. Antes de passar calor ou de passar frio nós já sofremos pelos dois. Consegue perceber?

Por isso a lição é: planeje o que for possível, é claro; mas não sofra por antecipação. Treine sua mente para perceber que se trata de uma situação hipotética que pode nem chegar a acontecer e caso aconteça, será temporária com certeza! Ao chegar em casa e tomar um banho, tudo volta ao que era antes (em alguns casos pode demorar mais né! =D).

Viva 1 segundo por vez

A célebre frase “viva um dia de cada vez” talvez indique um período maior do que as pessoas conseguem assimilar hoje em dia. Pois, quem nunca riu e chorou várias vezes durante um mesmo dia? Por isso estou sugerindo outra frase: “viva 1 segundo de cada vez”; pois sempre que você se concentrar no segundo ele já vai ter passado e você estará em um novo segundo que logo dará lugar a um outro. Assim, o que teremos que encarar é somente um período tão breve quanto um segundo. Você consegue viver bem no próximo 1 segundo?


Minha nota:

Muito obrigado a todos que respondem a este boletim com seus comentários! Como as coisas estão meio corridas não consegui responder a todos. Mas com certeza eu leio e aprecio muito todas as palavras. Muito obrigado!


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Muito obrigado.

Um forte abraço.

E tchau!

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