O que é a Consciência?

Somente agora me toquei que neste boletim #CONSCIÊNCIA nunca falei diretamente sobre consciência. É interessante como todos nós temos essa noção do

Somente agora me toquei que neste boletim #CONSCIÊNCIA nunca falei diretamente sobre consciência. É interessante como todos nós temos essa noção do que ela representa, temos muitos significados diferentes, mas sem olhar diretamente para o que seria a consciência.

SPOILER: Esse é o boletim mais filosófico que já fiz, por isso, pode não fazer tanto sentido para você. Prometo que no próximo voltarei a falar de coisas mais “práticas”.

 

 

Esta ideia veio depois de assistir dois TED talks sobre consciência: O primeiro chamado “Em busca de compreender a consciência” pelo neurocientista António Damásio e o outro “A ilusão da consciência” pelo filósofo Dan Dennett. É interessante ver como dois campos que aparentemente são distintos, buscam explicar o mesmo tema, que aliás, é o meio condutor de tudo que fazemos. Sem consciência não haveria este boletim, você não iria conseguir ler nada e a vida não teria nenhum sentido, pois não conseguiríamos formular sentido para as coisas.

E o que é consciência? Simplesmente TUDO que experimentamos na vida, todos pensamentos, todos sentimentos, criações etc. É a capacidade de perceber a si mesmo e ao meio ao redor, dando significado para cada estímulo. Projetar o futuro, seja para calcular a velocidade do carro e saber se é possível atravessar a rua, planejar uma viagem ou pensar na aposentadoria. Significar o passado, percebendo se o que alguém te disse deveria te deixar feliz ou com raiva. É perceber quando estamos com fome ou com sede. Ou seja, a consciência é simplesmente TUDO para cada indivíduo.

Já parou para pensar como que um conjunto de 37 trilhões de células completamente ignorantes, e sem nenhuma consciência, podem formar um ser com habilidade para pensar, criar imagens, sentimentos, relacionamentos e muito mais? Eu não sei você, mas eu estou filosofando muito sobre isso agora. Qual a explicação para um conjunto de células ser capaz de fazer tudo isso? Criar coisas, amar, sofrer, rir e chorar? O quanto faz realmente sentido nossas dores e o quanto é ilusão? Ou seria tudo ilusão?

Segundo Damásio, pela visão da neurociência, a consciência realmente não pode ser explicada completamente, não há ainda como explicar os detalhes do seu funcionamento e porque uma pessoa elabora um pensamento completamente diferente da outra. Mas ele traz como ideia primordial para existência um velho conhecido da filosofia e da psicologia que é o Self. A consciência tem uma certa capacidade de noção de si mesmo, de olhar para si, de se ver como um indivíduo diferente de todos os outros, usando-se como referência para se comparar com o meio externo. Portanto essa consciência, que cada um de nós temos, nos dá a capacidade de experimentar o mundo de uma forma única. Ou seja, todo nosso olhar externo para outras pessoas e comparações não faz tanto sentido, uma vez que a experiência do Self (consciência) é única e diferente para cada um. Querer viver como uma outra pessoa não faz sentido pois o que vemos nunca é a experiência do outro, e sim apenas fatores externos, nunca o que ela está vivendo realmente.

Do lado filosófico, Dennett, nos mostra como tomamos propriedade da consciência como se realmente tudo que é criado fosse verdade e não uma impressão da nossa própria mente. A mágica é um exemplo, ao ver um mágico cortando uma pessoa ao meio, a mente acredita que a pessoa realmente foi cortada, mesmo que o lado racional fique dizendo que isso é impossível! E pelo lado do mágico, a intenção dele nunca foi querer cortar a pessoa ao meio, apenas te iludir. E funciona! Ou seja, a mágica não é mágica, pois foi algo que nunca aconteceu. A pessoa nunca foi cortada ao meio.

Expandindo essa ideia para nossa vida como um todo, vemos que a vida realmente pode ser vista, de certo ponto, como uma ilusão. Um conjunto enorme de pensamentos, emoções e sentimentos acontecendo incessantemente que são produtos da mente em contato com estímulos do meio externo. Se tomarmos consciência de que tudo que passa dentro de nós é uma interpretação, a vida se torna mais fácil (na minha opinião), pois tira o peso da impressão de “realidade” que temos, substituindo pela ideia de “ponto de vista” ou “experiência”.

Nos últimos tempos, minha vida tem sido dedicada a isso, a tentar compreender como que construímos ideias e pensamentos e como tudo é relativo. Como que a percepção muda de pessoa para pessoa, como que uma situação pode ser boa para um e detestável para outra. Para mim, isso é simplesmente incrível.

Até a próxima!
Um forte abraço,
Adriano.
Postado originalmente em 7 de outubro de 2020.

Categorias: : Reflexão

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