O poder da história que você conta a si mesmo

Já faz quase três meses que não escrevo aqui para você e ficar esse tempo sem te mandar nada me fez pensar que eu não estou fazendo

Já faz quase três meses que não escrevo aqui para você e ficar esse tempo sem te mandar nada me fez pensar que eu não estou fazendo meu trabalho direito. Pois ficar tempo sem escrever demonstra descuido, falta de interesse ou falta de criatividade. Utilizando esse gancho, quero conversar com você sobre as narrativas que damos a cada situação em nossas vidas e como isso impacta diretamente os níveis de energia, motivação, humor e, obviamente, os resultados.

O cérebro não possui um botão de ligar e desligar, por isso – a menos que você seja um monge muito evoluído – você está sempre pensando em algo. Narrativas e imagens passam pela mente ininterruptamente fazendo com que qualquer estímulo seja alvo de uma enxurrada de pensamentos, julgamentos e emoções. Frequentemente, a sensação que se tem é que não é possível controlar os pensamentos, eles simplesmente acontecem, e sem perceber, nos vemos completamente identificados com eles, como se fossem verdades absolutas.

Verdades absolutas falsas

Se não percebemos que o que estamos pensando é uma interpretação dos estímulos – geralmente algo que vimos ou ouvimos – passamos a acreditar que sabemos a verdade. Exemplo: se alguém me fecha no trânsito, posso ter a convicção de que aquela pessoa é irresponsável e deve pagar por isso, pelo menos recebendo uma multa por excesso de velocidade. Mas raramente nos vem à mente que pode ser alguém que está levando uma pessoa doente para o hospital. Porém, em ambos os casos, não sabemos a verdade; apenas imaginamos.

O efeito devastador da narrativa

Você já pensou alguma vez na vida: "isso é muito difícil para mim!" E acabou nem tentando fazer algo que você gostaria de fazer; tudo por causa de um pensamento. Todas as pessoas já passaram por isso, em maior ou menor grau. E esse é o efeito, muitas vezes catastrófico, das narrativas internas, pois nos faz acreditar em algo sem nenhum motivo concreto, apenas pelo medo da narrativa. Dessa forma: 1) eu acabo não me aproximando de alguém, pois imagino que o outro não irá gostar de mim; 2) Fujo de novas atividades, pois tenho medo de errar; 3) Fico tenso, ansioso, frustrado, raivoso etc., diante de uma situação da qual não tenho controle; 4) Perco a chance de explorar quem eu posso ser de verdade.

O Google interno

Se você procurar no Google “como fazer bolo de cenoura”, você vai encontrar receitas que vão te apontar o passo a passo para fazer um bolo de cenoura, correto? Quando se trata da nossa mente, não percebemos que o mesmo acontece, porém as perguntas que fazemos a nós mesmos, muitas vezes, nos dão receitas e motivos para ficar deprimidos, revoltados, desmotivados, ansiosos etc.

Exemplo:

Se me pergunto: “por que eu não tenho sorte em encontrar uma boa pessoa para me relacionar?” As respostas podem ser algo do tipo: porque não tenho dinheiro, não moro no lugar X, não tenho a formação Y, minha aparência é Z, etc. Perceba que as respostas mais agravam o problema do que ajudam, sem criar um caminho de fato, e, geralmente, fomentando uma paranoia que deixa a pessoa presa em certos pensamentos.

Agora, imagine as respostas para outras perguntas:

- Como seria a pessoa com quem eu gostaria de me relacionar?
- Eu quero mesmo um relacionamento ou estou apenas sofrendo pressão social?
- Estou pronto para me dedicar a alguém e perder uma parte da minha liberdade e privacidade?
- Enquanto não encontro alguém, como posso aproveitar minha vida agora?


Creio que você consegue perceber claramente como essas outras perguntas levam os pensamentos e ações para um lugar muito diferente do que a primeira.

Nem bom, nem mau!

Uma das formas de lidar com pensamentos negativos é buscar a substituição por frases mais positivas. Por exemplo, em vez de pensar: "eu não consigo", você pode pensar: "eu posso fazer". Essa é uma das estratégias que eu mesmo ensino e que funcionam em muitos casos. Mas quero compartilhar algo com você que vai além.

Quando simplesmente tentamos repetir uma frase positiva mentalmente, é comum que uma ponta de dúvida apareça e nós podemos começar a duvidar da frase que escolhemos para trabalhar e, com o tempo, o efeito diminui ou até acaba. Ao longo dos meus anos de trabalho com desenvolvimento pessoal e principalmente nos últimos dois anos, venho aprendendo que a melhor forma de ver todas as coisas da vida é considerá-las neutras. Nada é muito ruim ou muito bom, as coisas são simplesmente o que são e nós devemos lidar com elas conforme aparecem.

Um ponto falho em buscar ver o ponto positivo das coisas é que, ao classificar algo como bom, estamos obrigatoriamente assumindo que existe o ruim que está em algum lugar e buscaremos inconscientemente fugir dele. Ao passo que quando tudo é neutro, existe mais leveza e tranquilidade, pois não estamos tentando nos agarrar a algo bom e fugir de algo ruim, as coisas são simplesmente o que são.

Ver tudo como neutro é algo muito difícil e não espero que você consiga compreender a relevância disso, mas plantar essa semente em você talvez gere frutos lá na frente.

Voltando ao que te falei lá no começo sobre meus pensamentos sobre ficar quase três meses sem escrever aqui. É claro que não foi uma questão de descuido ou falta de interesse, e sim uma questão de prioridades. Tenho me dedicado a vários projetos e coisas que estão acontecendo na minha vida que não me deixaram escrever aqui antes. Mas isso não significa que eu não possa escrever ou que nunca mais vá escrever, compreende? Portanto, quando percebi esse pensamento em mim, procurei pensar: ops! fiquei sem escrever, talvez seja hora de voltar, e aqui estou eu escrevendo. Simples assim.

Por enquanto é isso! Muito obrigado por ter lido até aqui. Te vejo em breve!

Muito obrigado e um forte abraço,
Adriano Sugimoto.

Publicado em 22 de agosto de 2025

Categorias: : Inteligência Emocional, Propósito, Reflexão

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