"Eu não sou o que penso que sou, e não sou o que você pensa que sou. Eu sou o que penso que você pensa que sou."
"Eu não sou o que penso que sou, e não sou o que você pensa que sou. Eu sou o que penso que você pensa que sou."
― Charles Horton Cooley
A pressão social é uma das forças mais avassaladoras da sociedade, capaz de nos fazer viver uma vida completamente artificial, sempre correndo atrás de algo que nos faça ter um pouco mais de destaque e apreciação aos olhos dos outros. Assim, teoricamente, seriamos mais “valiosos”, “queridos” ou qualquer outra coisa.
Algo que aprendi nesses anos que tenho de trabalho com desenvolvimento pessoal, é que nós nunca sabemos exatamente o que os outros pensam de nós. Na verdade, não sabemos quase nada. Mesmo que alguém nos diga diretamente algo depreciativo sobre nós, mesmo assim, isso provavelmente é apenas um reflexo dos problemas internos do outro.
Um exemplo muito claro para mim acontece no casamento. Muitas vezes a Michelle me diz: tem que ser desse jeito! E eu gravo isso como se fosse uma lei. Pouco tempo depois ela quer algo diferente. E eu fico: você que queria daquele jeito!? Mas isso não acontece somente com ela, eu também faço isso, todos nós fazemos.
Isso acontece porque nossos pensamentos estão sujeitos a inúmeros fatores que estão em constante mudança, seja humor, circunstância, ambiente, outras pessoas, etc. Como nenhum de nós passa exatamente pela mesma experiência que o outro passa, quando achamos que sabemos o que o outro pensa de nós, estamos na verdade criando uma imagem do que nós pensamos que o outro pensa de nós. Ter consciência disso pode mudar completamente nossa experiência no mundo.
Pense bem: se eu nunca vou saber exatamente o que o outro pensa de mim, e se essa ideia que tenho que o outro pensa de mim é tão importante assim, eu posso influenciar minha própria mente sobre isso sem nem precisar de algo do outro!
Vamos pensar em algumas estratégias:
1 – Cada um vê o mundo pelas próprias lentes
Se alguém não te dá o que você precisa ou gostaria, talvez seja o caso de perceber que o outro não tem essa capacidade. Ao invés de simplesmente nos depreciarmos e dizermos que não merecemos o reconhecimento de alguém, por que não desafiar a capacidade do outro de prover o que gostaríamos? Talvez aquela pessoa nunca tenha tido o que buscamos, por isso, ela não tem o carinho, afeto, atenção, etc. para dar. E como alguém pode dar o que não tem? Não seria o caso de nós darmos aquilo que queremos primeiro?
2 - Eu não percebo o reconhecimento que tenho
É muito comum a falta de capacidade de comunicação emocional. Eu cresci em uma família com 3 filhos homens, onde a comunicação de sentimentos sempre foi a menor possível. Curiosamente, os homens têm muito mais esse problema. Portanto, se eu dependesse somente da capacidade de comunicação emocional que aprendi quando pequeno na minha família, eu teria poucas habilidades. Obviamente, isso não significa que as habilidades não possam ser desenvolvidas e que você não possa auxiliar essa pessoa a se expressar. Contudo, não expressar, não significa que o reconhecimento ou apreciação não esteja lá. Talvez nós somente não conseguimos perceber isso vindo do outro.
3 – O que penso que o outro pensa de mim é um reflexo de mim mesmo
Essa frase é um pouco complexa pelas repetições de palavras, mas essencialmente significa que sou eu quem diz o que o outro pensa (dentro da minha mente). Perceba em sua vida que quando seu humor não é muito bom, é muito mais difícil perceber algum reconhecimento vindo das outras pessoas. Ou seja, se eu não estiver bem, é mais difícil reconhecer qualquer bom sentimento vindo de uma outra pessoa. Perceber que temos dias bons e ruins nos ajuda a compreender e aceitar que nem todos os dias me trarão o que eu espero deles.
4 – Eu posso mudar o que o outro pensa de mim
Pense bem... se eu não consigo saber exatamente o que o outro pensa de mim, eu posso influenciar grandemente o que penso que ele pensa de mim. Claro que fazer não é tão fácil como falar, mas é sim possível. Conscientemente ou não, somos nós que escolhemos os pontos em que prestamos atenção e damos relevância ou não. Seja as palavras, o tom de voz ou olhar, nós que dizemos o que aquilo significa para mim. Um olhar de alguém para minha roupa pode significar desaprovação, interesse, desejo de ter algo igual, pode lembrar uma outra pessoa, ou qualquer outra coisa. Uma crítica áspera pode significar que não temos capacidade, que a pessoa está tendo um mau dia, que ela não tem capacidade de lidar com emoções, que brigou com o marido ou esposa ou qualquer outra coisa. Por que pensamos sempre que somos nós o problema? Faz sentido?
Resumindo
Quando você deixa os outros definirem seu comportamento, te limitarem ou quando não te dão o que você gostaria, saiba que o primeiro que está fazendo isso é você consigo mesmo. É uma escolha que você faz a cada momento. É difícil compreender isso, mas quando você entender, sua vida começa a ficar muito mais simples.
Publicado em 11 de março de 2025.
Categorias: : Inteligência Emocional, Relacionamento, Sociedade