Como contar a própria história

Este boletim tem como intuito te ajudar a ver o mundo de forma mais clara, sabendo separar o que importa do que não importa, porém em um nível muito mais profundo.

(Adriano Sugimoto)


Essa semana me candidatei a um treinamento no sistema de saúde do Reino Unido, o NHS; e uma das partes do formulário é a carta de intenção. Onde deve-se colocar experiências, intenções e porque se é adequado para aquela vaga.

Eu já fiz isso várias vezes, mas toda vez me surpreendo comigo mesmo. A vida vai passando e muitas vezes tenho a impressão de não ter feito nada. Já sentiu isso antes? Em um dia normal eu não consigo olhar para trás e ver tudo que fiz; apenas quando vou me candidatar a uma vaga, onde tenho que “vender meu peixe” que descubro como já fiz tanta coisa na vida. Por isso, quero nesse boletim falar um pouco sobre como contar a própria história.

Sente para escrever

Já tentou escrever todas suas tarefas da semana invés de memorizá-las? Essa técnica simples foi uma que mudou minha vida, pois antes disso eu ficava repassando na cabeça tudo que deveria fazer o tempo todo, sem de fato fazer alguma coisa; apenas mantinha aquela lista enorme na mente que nem funcionava direito. Com nossa história é a mesma coisa, podemos lembrar espaçadamente de momentos que vivemos, mas quando fica só na memória, somente alguns lapsos aparecem. Ao passo que quando colocamos no papel, nossa própria história ganha vida. Na minha carta dessa semana eu tinha um limite de 3 mil caracteres, o que dá pouco mais da metade de um boletim que normalmente escrevo aqui; isso me fez ler e reescrever diversas vezes minha história, buscando aproveitar cada linha para me expressar de forma mais adequada. Ao ler cada palavra, um lindo filme ia passando na minha frente, onde eu assistia maravilhado e orgulhoso por aquele ser humano descrito ali.

Perceba seu aprendizado

Depois de escrever, eu pedi para a Michelle me dizer o que ela achava. Ela gostou muito.... porém me disse: esse primeiro paragrafo está meio repetitivo! E era mesmo! Nele eu escrevia: eu fiz isso... depois fiz aquilo... e então fiz isso... realmente estava meio tedioso e era bem a parte que eu falava dos trabalhos voluntários que fiz ao longo dos últimos anos, e que eram os mais interessantes na minha opinião. Quando percebi isso, comecei a rescrever o parágrafo todo do zero. Mas para ficar mais dinâmico eu coloquei a situação ligada ao aprendizado que tive com aquilo. Minha carta literalmente foi da água para o vinho. Perceber como cada atividade que fizemos ao longo da vida foi responsável pela construção da nossa visão de mundo é algo transformador. Pois a vida não é somente um amontoado de fatos soltos, e sim, uma sequência de eventos, onde cada um é responsável por gerar uma parte de nós. Se somos quem somos agora é porque, entre sorrisos e lágrimas, aprendemos a ser o ser humano que vemos hoje no espelho.

Os pontos só se conectam olhando para trás

Você já deve ter se perguntado: o que devo fazer agora que faça sentido para minha vida? Acho que todos nós pensamos nisso de um jeito ou de outro. Ao longo da minha vida eu fui abençoado pela inocência do caminho, pois nunca pensei muito no futuro. Eu fiz técnico em mecânica, engenharia de materiais, fui trabalhar com mantas de aquecimento, aprendi eletrônica e programação, depois me voltei completamente para o desenvolvimento humano e hoje estou em Londres cursando psicologia e escrevendo esse boletim para você. Faz sentido? Resposta: Claro! A faculdade de engenharia foi onde eu pude me relacionar com pessoas literalmente de todo mundo, e enquanto eu aprendia o linguajar técnico eu também aprendia como me relacionar com as pessoas. Aprender eletrônica e programação me fez criar uma empresa a qual depois foi o que me deu liberdade para explorar novos caminhos. Tudo está conectado e minha vida nem poderia ser diferente do que foi. Te convido a olhar para trás e ver como cada situação e cada escolha do seu passado moldou quem você é hoje. Como que os pontos magicamente se conectaram para te levar onde você está agora. Assim você pode perceber que os ponto se conectam de formas muito inesperadas, até mesmo na vida de um psicólogo engenheiro.

Ame a si mesmo

Muitas vezes somos muito duros conosco mesmos. Achamos que não fizemos o que deveríamos ter feito, que deveríamos ter agido de forma diferente, ter tomado um caminho diferente lá no começo etc. Quase como se estivéssemos contando a história de alguém que não gostamos muito. Imagine que você estivesse descrevendo a vida de quem você mais ama e admira, quais pontos seriam destacados? Qual seria a melhor forma de contar? Não é somente em uma entrevista de emprego que devemos aprender a mostrar nosso melhor, mas também, e principalmente para nós mesmos. Imagine alguém que você admira como seu pai ou sua mãe, seu filho, ou até uma pessoa famosa! Que características fazem dessa pessoa alguém que supera inúmeras dificuldades e consegue tirar o melhor em casa situação que se encontra?

Experimente

Qual foi a última vez que você escreveu algo sobre si mesmo? Normalmente não fazemos muito isso, não é mesmo? Mas escrever nossa história pode mudar completamente a forma com que nos vemos e como somos capazes de tantas coisas que nem nos damos conta no dia a dia. Se dê 1 único minuto e verá que já é possível escrever algo interessante. Quando você se sentiu orgulhoso por resolver um problema que parecia intransponível? Quando você se empenhou em criar algo diferente? Quais responsabilidades da sua vida fizeram diferença para o mundo? Acredito que algumas ideias já estejam aparecendo na sua cabeça, não é verdade?

Experimente! Tenho certeza de que existe alguém dentro de você que você mesmo não conhece ainda.


Minha nota:

Curiosamente, no momento que estava terminando esse boletim a Michelle me mandou uma palestra sobre como criar um currículo e fazer uma apresentação de si mesmo. É incrível ver que mesmo as pessoas mais graduadas da universidade em Londres não conseguem contar sua própria história e precisam de ajuda para isso. Pois não se trata tanto da quantidade e sim do ponto de vista. É a luz que faz com que a câmera capture uma bela cena; sem luz, nenhuma câmera é capaz de imprimir boas imagens.


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Muito obrigado.

Um forte abraço.

E tchau!

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