A busca constante do novo que nunca satisfaz

Nunca na humanidade tivemos uma época em que as coisas mudaram de forma tão rápida. Há 15 anos atrás, smartphones começaram a existir

Conhece-te a ti mesmo

Inscrição do templo de Apolo em Delfos/Grécia


Nunca na humanidade tivemos uma época em que as coisas mudaram de forma tão rápida. Há 15 anos atrás, smartphones começaram a existir, e tudo que um celular fazia antes era ligação e envio de pequenas mensagens de texto. Lembro do meu primeiro celular que tinha tela colorida e toque polifônico, algo fantástico, mas que hoje não serviria nem para brinquedo de criança.

Porém, independentemente da época, o fascínio e admiração pelo novo faz com que as pessoas dirijam toda sua atenção e esforços para conseguir aquilo. Lembro que fui a um museu com uma seção de relógios que comentava que ter um relógio em casa era uma das coisas que mais poderia trazer prestígio para alguém. Hoje, todos temos um relógio no bolso e saber as horas não é um problema, nem algo que precisamos nos deslocar para um cômodo específico da casa para descobrir – além de ser uma possibilidade apenas para pessoas com alto poder aquisitivo na época.

Se olharmos de perto, pessoas que buscam um relógio de pêndulo para sua sala, um celular com toque polifônico ou o último iPhone, têm muitas coisas em comum, particularmente se olharmos para a pessoa em si. Todos esses objetos foram formas utilizadas em suas épocas para trazer satisfação, poder, valor social e outras coisas que estariam supostamente ligadas a atingir a felicidade. Mas o objetivo sempre muda assim que o que queríamos é atingido, pois quem consegue o relógio de pêndulo, celular de toque polifônico ou o último iPhone ficará desatualizado em breve. Então eu te pergunto, o que nesses objetos deveria trazer felicidade exatamente?

Minha resposta para você é: Eles não trazem! Apenas nos deixam distraídos enquanto não sabemos o que é importante de verdade.

Estou escrevendo sobre esse tema depois de viajar para Grécia e ter a oportunidade de visitar locais como Atenas e Delfos. A célebre frase “Conhece-te a ti mesmo” é atribuída ao templo de Apolo em Delfos e foi escrita há 2500 anos. Pessoalmente, é incrível imaginar de há tanto tempo as questões essenciais do ser humano já eram discutidas em alto nível e com uma pureza e sabedoria talvez maior que normalmente encontramos atualmente.

Tempo de Apolo em Delfos/Grécia


Se você tiver a oportunidade de olhar um pouco para as ideias de Sócrates por exemplo, verá que ele já sabia que poder, posses ou prazeres efêmeros causam um ciclo que deixam as pessoas presas em algo que ultimamente não tem valor. Pois o valor real vem com o desenvolvimento da virtude da alma – a qual é mais forte e importante que qualquer coisa material.

Um dos ensinamentos da Programação Neurolinguística que eu mais gosto é que “cada pessoa faz o melhor que pode em cada momento”, ou seja, quem não faz melhor é porque não é capaz de fazer. Porém esse ensinamento não é nada novo – Sócrates dizia algo ainda mais profundo: quem comete qualquer mal o faz por ignorância, pois se soubesse o grande mal que na verdade está fazendo a si mesmo, não cometeria esse mal.

Ir à Grécia e presenciar as ruinas de uma sociedade que valorizava a cultura, artes, arquitetura e principalmente a filosofia, me despertou a grande realidade que apesar das grandes melhorias de condições de vida, comunicações, transporte, etc. nunca iremos alcançar a felicidade verdadeira e não aprendermos a buscar no lugar correto.

E a resposta já estava escrita há 2500 anos: Conhece-te a ti mesmo.

Obviamente, isso não significa evitar a tecnologia ou coisas que possam tornar a vida mais fácil, mas com certeza significa não buscar felicidade nessas coisas, pois essa felicidade é sempre a que menos dura.

Publicado em 09 de maio de 2025

Categorias: : Propósito, Reflexão, Sociedade

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